Lentes de Contato Gelatinosas

Alterações semelhantes que ocorrem no olho seco podem ser observadas em usuários de lentes de contato; alternativamente, o uso de lentes de contato pode ser um fator desencadeante da doença do olho seco e / ou disfunção da glândula de Meibomius.

No contexto clínico, o desconforto ao final do dia é uma das queixas mais comuns relacionadas ao olho seco associado ao uso de lentes de contato. Esta condição pode ocorrer com qualquer tipo ou design de material de lente e modalidade de uso; no entanto, é relatado na maioria das vezes por usuários de lentes de contato gelatinosas (convencionais e hidrogel de silicone), que constituem a maior parte do mercado de lentes de contato.

Lentes de Contato Rígidas de Gás Permeável – RGP´s

Para os pacientes com desconforto ocular e/ou olho seco associado ao uso de lentes de contato gelatinosas. A adaptação de lentes rígidas de gás permeáveis (RGPs) é bem indicada, desde que seja feita corretamente e com lentes de boa qualidade.

As lentes de contato RGPs de boa qualidade e com desenho apropriado permitem que a lágrima (ainda que em menor quantidade) circule livremente pela córnea, sendo mais saudável para a córnea do que as lentes gelatinosas.

Lente de Contato

Lente de Contato

Devido ao fato destas lentes não absorverem a lágrima, os olhos dos pacientes com olho seco ficam umidificados com a pouca lágrima que o paciente tem ou com o uso de colírio lubrificante.

Embora as lentes RGPs sejam mais bem indicadas para portadores de olho seco, é importante que a adaptação seja conferida no exame biomicroscópico.

A falha em não observar o problema e indicar um colírio qualquer pode levar o paciente a agravar os sintomas de coceira e desconforto com as lentes, especialmente em condições atmosféricas impróprias como umidade relativa do ar muito baixa (tempo seco) e em ambientes com ar-condicionado, vento ou ambientes com calefação. Isso agrava sobremaneira o estado de saúde geral da córnea, podendo levar o paciente a ter desde crises de hiperemia conjuntival (olho vermelho), como lesões corneanas que podem ser superficiais e até úlcera de córnea.

O tratamento nestes casos envolve a suspenção imediata do uso de lente de contato, tratamento com gel reepitelizador e cicatrizador,  lubrificantes, e se necessário o uso de antibióticos profiláticos nos casos mais severos.

A correta avaliação oftalmológica e do padrão de adaptação da lente RGP assegura a saúde dos olhos do paciente e podem mantê-los saudáveis usando suas lentes de contato.  Recomendações pontuais devem ser feitas aos pacientes, lembrando-os da necessidade de piscar. Hoje em dia, com o uso cada vez maior de computadores, é normal que mais pacientes tenham sintomas de olho seco quando se expõem por horas ao monitor e “esquecem de piscar”.

É importante investigar e tratar a blefarite e a disfunção das glândulas de Meibômius. Em alguns casos, deve-se simplesmente orientar o paciente a lavar os olhos com shampoo neutro com as pálpebras fechadas, esfregando por sobre as pálpebras e cílios em movimentos circulares, massageando estas áreas o ajudará a ter uma melhor lubrificação e diminuição dos sintomas. As vezes também é interessante lavar os olhos uma vez por semana com soro fisiológico recém aberto, enxaguando bem os olhos abundantemente e piscando algumas vezes para remover detritos e filamentos de mucina que possam estar presentes na lágrima e que podem irritar os olhos.

O uso de ar-condicionado ou calefação provoca uma súbita diminuição na umidade do ar, sendo um fator agravante. Algumas recomendações importantes devem ser feitas para o paciente, como o uso de umidificadores de ambiente ou a simples colocação de um balde ou bacia com água (pode ser uma toalha umedecida) no ambiente onde ele se encontra.

Hoje em dia existem diferentes tipos de colírios lubrificantes, mas é importante lembrar que pacientes que pingam estas gotas várias vezes por dia devem ser orientados a utilizar lubrificantes sem preservativos (conservantes) devido a toxicidade presente na maior parte dos lubrificantes.

Os pacientes que têm deficiência ou instabilidade lacrimal crônica ou muito grave ao utilizar lubrificantes com conservantes criam um efeito “rebote”, no qual quanto mais lubrificam os olhos, mais eles parecem necessitar de lubrificação, tornando o tratamento ineficaz.

Lentes de Contato RGP`s Esclerais e Semi-Esclerais

O uso de Lentes de contato RGP Esclerais e Semi-Esclerais no tratamento do olho seco severo é uma alternativa bastante viável.

As lentes de contato gás permeáveis esclerais e semi-esclerais caracterizam-se por serem lentes que não tocam ou se apoiam na córnea; elas repousam suavemente na esclera (porção branca dos olhos) e são inseridas nos olhos com uma solução salina sem conservantes, que fica em contato direto com a córnea, mantendo-a saudável por períodos que vão de 8 a 12 horas de uso contínuo, podendo naturalmente serem retiradas e recolocadas se um maior número de horas de uso conforme for necessário.

A vantagem desta técnica é que durante as horas nas quais o paciente mais precisa manter seus olhos abertos e que, portanto, sente o desconforto da síndrome de olho seco, ele poderá obter total conforto e a acuidade visual necessária para a realização de suas tarefas diárias, sejam elas de natureza profissional ou domésticas.

Ao selecionar uma lente de contato para olho seco severo, nem todas as lentes são apropriadas. Pelo contrário, algumas podem fazer mais mal do que bem. No entanto, foi demonstrado que as lentes esclerais têm efeitos benéficos no conforto e na função visual do paciente com olho seco.

Felizmente, os desenhos de lentes esclerais podem superar os desafios associados a outros tipos de lentes de contato nos casos de olho seco moderado e grave. Essas lentes funcionam especialmente bem para correção de visão, porque a camada de fluido ajuda a suavizar defeitos causados ​​por olhos secos, proporcionando uma superfície refrativa mais uniforme.

Em última análise, a lente de contato ideal tem material, design e características que permitem um ajuste ideal, visão e conforto, com efeitos mínimos no paciente, evitando assim sua descontinuação, promovendo a saúde ocular e melhorando a qualidade de vida do indivíduo.

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Autores:

Dr. José Alvaro Pereira Gomes

Oftalmologia Clínica e Cirúrgica

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Dra. Andrea Kfouri Pereira Gomes

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Fonte: https://iovs.arvojournals.org/article.aspx?articleid=2203202

 

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